quarta-feira, 10 de outubro de 2012



Data:10/10/2012

Jornal Á Notícia 

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Variedades | 10/10/2012 | 07h14min

Família de arqueólogo autodidata faz doação ao Museu de Sambaqui de Joinville

Manuscritos pertenciam a Guilherme Tiburtius, que teve sua coleção comprada pelo municícpio na década de 1960


Dono de uma fábrica de artefatos de madeira em Curitiba, o alemão Guilherme Tiburtius era também pai de dois filhos e gostava de desenhar, assim como boa parte da família. Um homem comum para a época em que nasceu — final do século 19 —, não fosse um interesse nato pelo que as gerações passadas deixaram pelo caminho. Guilherme abriu uma porta para o estudo da arqueologia, e tornou possível o que hoje conhecemos como o Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville, que chega aos 40 anos no próximo domingo.

Guilherme nunca teve professor para estudar a história material deixada por antigos povos. Somente livros trazidos da Alemanha o ajudavam no hobby que ocupou boa parte de sua vida. O autodidata reuniu durante a vida milhares de peças que na década de 1960 foram adquiridos pela prefeitura de Joinville.

O filho Ewaldo Tiburtius, 87 anos, lembra que a coleção começou quando ele mostrou ao pai uma pedra com formato estranho.

— Quando eu tinha sete anos, morávamos em um lugar distante, ainda não muito ocupado na época, com um campinho de futebol perto de casa. Nele, havia um morrinho que nos incomodava. Um dia, eu e os amigos resolvemos aplainá-lo. Foi quando encontramos uma pedra. Levei para o meu pai ver e ele disse que era um pequeno machado — conta.

Daí em diante o acervo só cresceria. Despertado o interesse, Guilherme se tornou referência no Paraná para toda e qualquer peça encontrada que pudesse ter pertencido às gerações antigas. Comprava e também ia à procura.

Grande acervo
Guilherme chegou a construir um barracão para acomodar as peças.

— Ele era muito organizado. Recebia pesquisadores de vários lugares. Até um da Argentina, que estudava o crânio dos índios — lembra o filho.

Os cuidados também estavam na catalogação dos objetos. Todos eram minuciosamente desenhados com bico-de-pena pelo próprio alemão.

O legado histórico foi vendido para Joinville depois que Guilherme se certificou de que os filhos não continuariam o ofício. Como a cidade tinha intenção de montar um museu, o arqueólogo autodidata resolveu se desfazer da coleção. Permaneceu um ano em Joinville para ajudar na organização do acervo. Guilherme faleceu em 1985.

Nesta quarta-feira, em comemoração às quatro décadas no Museu de Sambaqui, a família Tiburtius fará a doação de documentos que ainda estão em poder da família. São cerca de 30 manuscritos em alemão acompanhados de desenhos. A equipe do museu também fará o registro de depoimentos da família.
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